04 agosto 2006

O Garoto das Rosas Azuis


Ao falarmos em flores, vêm logo à nossa mente aquelas belas, vistosas, divinas rubras rosas. Encarnadas e com um viço tão singelo que lembra-nos o sangue pulsante em nosso coração. Vermelho, a cor da paixão. Mas para ele era vã e tola tal definição.

Seu jardim sempre fora azul, banhado por um enérgico colorido céu. Suas idéias eram belas, mas quem as aceitaria? Eram hilárias suas rosas azuis num mundo onde, para elas, havia uma só cor. Será que seríamos obrigados a enxergá-la, unicamente, para todo o sempre?

Reprimido e triste, cresceu o garoto das rosas azuis. Cultivando flores de papel, buscava refúgio para suas angústias. Queria mudar: para ele surgiram terras ainda maiores que a insignificante dimensão de seu jardim. Havia cidades, Estados, países coagindo aqueles como ele. Havia o poder, dilacerando sua plantação.

Diante de tal situação, o jovem que outrora se preocupava com as cores de seus desenhos, passou a se preocupar com as nuances do mundo. A ele, bradou seus anseios, lutou para torná-lo mais colorido – e que houvesse, enfim, liberdade de opinião -. Suas idéias eram um ultraje perante os poderosos jardineiros: um mundo de rosas azuis, não! Em toda a produção, não havia esta coloração.

Calaria-se, então, o garoto das rosas azuis. Tingiria-se seu jardim de vermelho. Era o fim. Não se ouvia mais a voz daquele que ousara mudar os tons do mundo. Mas via-se, sim, uma rosa azul desabrochar, timidamente, em muitos jardins.

Um comentário:

Anônimo disse...

peguei emprestado seu post, beijos