12 novembro 2008

A Era das Galatéias



Desde os tempos mais remotos da civilização humana, a busca pela perfeição estética é delineada pela sociedade, adequando-se aos seus costumes, tradições e cultura. No entanto, nos dias atuais, esta persecução assumiu parâmetros nunca antes vistos, e o alcance da perfeição esconde, paradoxalmente, uma face disforme de alienação.


Primeiramente, deve-se considerar que a noção do que é perfeito varia de acordo com as sociedades. Se outrora se valorizavam formas arredondadas, hoje a mídia institui um modelo de magreza quase sempre excessivo e, no intuito de se moldarem a ele, muitas pessoas – em grande parte, mulheres – desenvolvem distúrbios alimentares como anorexia e bulimia, por conseqüência de terem colocado, acima da saúde, o enquadramento ao padrão vigente.


Além disto, o avanço da medicina estética provocou uma proliferação de profissionais do “belo” e dos serviços oferecidos por estes – o que não é negativo, levando-se em conta questões como a auto-estima do indivíduo, mas torna-se inaceitável quando transpõe as barreiras da vaidade e do amor-próprio, enveredando pelos rumos obsessivos da automutilação. Os retoques, tão apreciados e difundidos na Antigüidade, tornam-se verdadeiras transfigurações, muitas vezes deformando as características verdadeiramente humanas.


Destarte, é de se repensar o ideal estético atualmente buscado por tantos, tanto pela sua inviabilidade, quanto pela sua real funcionalidade. A indústria da beleza movimenta muito dinheiro, mas não consegue cumprir com a promessa de satisfação de seus clientes. Afinal, eles estão sempre buscando a inalcançável perfeição, e alinhar-se ao padrão do belo é, decerto, possível – porém, evidentemente, desnecessário.

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